segunda-feira, 12 de outubro de 2020

 

Escrito por Lucy Montgomery, em 1908, que baseou suas linhas vagamente na história real de um casal de irmãos que queria adotar um menino, mas que, por engano, recebeu uma menina, “Anne de Green Gables”, até hoje, encanta leitores de todas as idades. Tido como leitura infantojuvenil escolar obrigatória no Canadá e em várias partes do mundo, o livro apenas ganhou notoriedade no Brasil com a sua adaptação para a série de três temporadas da Netflix, que levou o título de “Anne with an E”, que é como a órfã se apresenta a todos. O motivo de o título ser esse é que histórias de crianças órfãs, clichês, no Canadá, são chamadas de  “Histórias de Ann”. Essa Anne, no entanto, é completamente diferente, e suas aventuras e histórias são únicas. Seu nome não poderia ser diferente e teve a letra acrescentada.

Anne Shirley é adotada por Marilia e Matthew Cuthbert por engano, pois ambos, solteiros e idosos, gostariam de um menino para ajudá-los a cuidar das terras que possuem. Matthew se encanta por Anne desde o início apesar de sua personalidade e da de Anne serem opostas. Marilia, a princípio arredia à ideia de manter uma menina tão falante e tão vivaz quanto Anne, acaba cedendo aos apelos do irmão e não se arrepende: é Anne que tira o morno de sua vida e lhe traz alegrias e uma nova visão sobre a vida. Aliás, é Anne que devolve a vida aos dois, já que eles apenas sobreviviam, e não viviam, antes de sua chegada.

Anne, que não conhecia o amor incondicional – tampouco o amor em si – recebe dos irmãos o mais puro sentimento do mundo e o retribui de todas as formas. Por ser uma menina de alma inquieta, porém angelical, Anne acaba por se encontrar como pessoa na fictícia Avonlea, onde faz amigos com facilidade e dá vazão a toda sua generosidade, imaginação e potencial de inteligência reflexiva. Anne pode ter sido órfã até que seu caminho cruzasse com o de Matthew e de Marilia, mas o contrário também é verdadeiro. São os dois que são adotados pelo amor, pela alegria e pela devoção de Anne.

De suas muitas aventuras ainda pueris e inconsequentes, o que se tira de mensagem é a leveza que uma alma leve e antiga carrega consigo. A de Anne é ambas as coisas e se torna contagiante. Sua fala rápida, divertida, dramática e única tornam-se uma constante na vida de seus vizinhos, de seus amigos e daqueles que ela tem como pais e como exemplo. Assim como acontece na vida real, Anne, com todo o seu coração, também se transforma em exemplo com suas atitudes originais e críticas, porém repletas de pureza e de generosidade, e, em pouco tempo, cativa o leitor com um perfume que tem a fragrância da bondade, do altruísmo e da gratidão.  

“Anne de Green Gables” é o primeiro livro da série “Anne” e ele deixa o leitor com vontade de ter dado as mãos à sua protagonista e se aventurado pelos campos e pela escola de Avonlea. O leitor sorri em cada linha e, se porventura, seu coração estiver um pouco pesado devido às agruras do dia a dia, ele sentirá como se um anjo fosse substituindo esse pesar por uma esperança quentinha e gostosa, encontrada em tardes ensolaradas de primavera. Esse é o efeito Anne em todos aqueles que querem o Bem sempre ao seu lado. 

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