De maneira diferente da de Edgar Allan Poe, H.P. Lovecraft também
entra na alma e no estado psíquico do leitor. Considerado um dos reis do
terror, Lovecraft sabe como fazer o leitor questionar a realidade do seu
universo literário.
Com contos pertencentes ao gênero fantástico, Lovecraft faz
de “O chamado de Cthuluhu” uma de suas obras-primas. No livro que traz este conto
como título e ainda entrega doses aterrorizantes em alguns outros, o leitor
pode experimentar um frio na espinha e aquele pequeno medo que nos acompanha
quando lemos algo que nos leva ao desconhecido.
Por descrever apenas descobertas que não são palpáveis ou
concretas, Lovecraft faz o leitor se cobrir à noite e não abrir os olhos por
medo de encarar alguns dos monstros ou ideias que estavam nos contos. O
desconhecido sempre assusta, mas Lovecraft o faz imensurável e sempre presente.
Seja por ousadia ou ignorância, as personagens de Lovecraft
sempre se deparam com o inexplicável, e o narrador deixa o leitor em uma
angústia que o persegue até depois da leitura. Nos sete contos deste livro, o
leitor acompanha as personagens, suas dúvidas e suas reações diante do terror
cósmico que lhes é apresentado.
Alguns dos contos – os mais
curtos – parecem ser mais assustadores. Talvez isso ocorra devido à intensidade
que o narrador lovecraftiano deposita em suas palavras. Entretanto, é o mais
longo e mais clássico deles, que intitula o livro, que foi a sua porta de entrada
para o mundo onde reinam nomes como Stephen King e Edgar Allan Poe.
Assim como sua inspiração foi
Poe, Lovecraft tornou-se inspiração para vários outros autores de livros de
terror e diretores de filmes do mesmo gênero: sua atmosfera claustrofóbica e
cosmicamente sombria deixou como herança o medo que não sabemos de onde vem e
que, quando percebemos, invade nossos corpos e tira nosso sono. Lovecraft não é
para muitos, mas os que o leem com mente aberta e luzes acesas, geralmente, o
amam.