quinta-feira, 12 de março de 2020

Conforme prometemos, aqui vai a resenha do livro "Das cinzas de Onira", lançamento fantástico da Planeta de Livros Brasil. A foto traz uma das ilustrações da obra, feita por Esdras Gomes, em que há o diálogo com o personagem de Kafka! Compre o livro em nosso site:

Segue nossa resenha:

Em seu livro de estreia, Umberto Mannarino nos presenteia com uma ficção espetacular. “Das cinzas de Onira”, à primeira vista, aparenta ser um livro infantojuvenil, com cenários e personagens incríveis e cheios de fantasia. Como em “Alice no país das maravilhas”, que é um dos livros em que o autor se inspirou, a menina Olívia, após sobreviver a um incêndio e não se lembrar de nada o que aconteceu, mergulha num mundo onde, por alguns minutos, nada parece fazer sentido e, logo depois, tudo parece fazer. Além disso, as coisas, como se apresentam, parecem ter ligações e semelhanças com sua vida real. Olívia não encontra um coelho e um chapeleiro malucos, mas encontra um major, que parece um boneco de pano e comanda um exército de seres estranhos que obedecem sem questionar e um sargento que tem a aparência de um peixe. À medida que vamos virando as páginas do livro, nós nos deparamos com inúmeras metáforas, que vão nos fazendo refletir e entender que a história, na verdade, não é uma história infantojuvenil e de fantasia, e sim uma história que se mostra mais profunda a cada página.
Aos poucos, o leitor, por meio das metáforas e de outros recursos estilísticos presentes na obra, vai desvendando o mistério que Onira esconde e percebe que todo esse universo onírico tem uma relação umbilical com a vida real de Olívia. A obra “Das cinzas de Onira” traz também intertextualidades geniais, como aquela que faz com a obra “A metamorfose”, de Franz Kafka. Essa intertextualidade atinge seu ápice no momento em que a personagem principal, Olívia, em uma de suas incursões à Onira, mantém um diálogo com a barata chamada “Sam”, fazendo referência ao caixeiro viajante Gregor Samsa, o personagem mais famoso de toda a obra de Kafka.
Ao ler essa história incrível, vale a pena ficar atento a cada detalhe da história, como o tamanho do major (que era maior que qualquer ser humano), os fantasmas que são caçados pelo exército de Onira ou as aranhas, que cobrem Onira com suas teias, pois cada um desses detalhes é de extrema relevância para a compreensão profunda e verdadeira da obra. As ilustrações de Esdra Gomes e o recurso utilizado pelo autor em alguns trechos do livro, quando o narrador conversa com o leitor, fazem com que ele mergulhe em Onira, juntamente com Olívia e assim, compreenda e reflita acerca de seu mundo e, principalmente, sobre como a fantasia pode transformar positivamente uma realidade, muitas vezes, dura e dolorosa de crianças, jovens e adultos.

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