Há mais de 50 anos, “O meu pé de laranja lima” aquece corações e adoça almas com sua ternura imensurável. José Mauro de Vasconcelos transforma sua quase autobiografia em uma ode à gentileza, às aparências que enganam e ao amor incondicional. Aqueles que leram o livro apenas na infância devem se lembrar de Zezé como o menino arteiro, que não tinha medo de responder ao pai e nem de brigar com seu irmão mais velho, mas que transpirava Amor quando seu Rei Luís, sua irmã Godói e seu inesquecível Portuga se aproximavam. Zezé é mais que isso.
Zezé é o epíteto daqueles que, por falta de coragem de enfrentar um mundo que parece cruel, não assumem a alma generosa que têm. Mostrá-la ao mundo faz doer. Ao usar sua máscara de menino-homem, que não tem medo de nada, Zezé tenta esconder a bondade e o amor que, temerosos, se escondem em seu coração. Ao permitir que Portuga vagarosamente lhe tire a máscara e o enxergue como ele realmente é, Zezé ajuda o leitor a descobrir que cada um de nós está sujeito ao mesmo destino. Até que alguém nos encontre e nos diga “Não tenha medo. Eu enxergo e ac
Quando a amizade de um velho solitário e de um menininho inteligentíssimo, mas incompreendido, passa a ser mais que isso e mostra ao leitor o poder do amor universal e da mudança que ele pode provocar, é impossível segurar as lágrimas que escorrem livremente. Em Zezé e Portuga, todos nós nos vemos como em um espelho real: já fomos Zezés e já encontramos Portugas em nossas vidas. Da mesma maneira, é possível que tenhamos sido o Portuga para algum Zezé. Basta que lembremos quantas vezes fomos um dos dois... “O meu pé de laranja lima” confirma que o verdadeiro amor não precisa de laços de sangue e, tampouco, de uma certidão que o comprove. Ele apenas precisa ser sentido, seja em uma pipa ou em um abraço forte ou em uma confissão ou em um choro desesperado, que guarda um segredo, frente à morte e à impossibilidade de estar junto daquele que viu sua alma como alguém jamais tinha se disposto a ver.
José Mauro de Vasconcelos, por meio de Zezé, entrega ao leitor uma história que deve ser degustada diversas vezes durante as nossas vidas – uma em cada época. Quem a leu na infância ou na pré-adolescência deveria relê-la. O olhar direcionado às pequenas coisas e aos indícios de que o amor assume diferentes formas em pequenos gestos, em olhares que entendem e em falas gentis estará visível de uma outra maneira. “O meu pé de laranja lima”, como boa parte dos livros direcionados ao público infantojuvenil, nunca foi escrito para crianças. Ele é um olhar da Vida sobre e para cada um de nós, à espera que entendamos que somos mais do que mostramos ser e que cabe a nós escolher se seguiremos o caminho do Amor ou não. O Zezé e o Portuga que moram em nós merecem esse encontro.
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